Compadre Sato

Naquele início de cidade, Zé Corrêa era um pouco de tudo. Mandava e desmandava. Acudia um, acudia outro… Pegava dinheiro emprestado pra ajudar pessoas – que dificilmente honravam o compromisso – e assim seguia a vida.

Sato era um japonês honesto, trabalhador, que tinha um filho atrás do outro. Uma filharada!  

Muito educado, falava baixo, calmamente. Respeitador das tradições, orgulhoso de sua raça. 

Um homem íntegro.

A admiração que sentia por Zé Corrêa era tão grande que, a cada criança que nascia, dava o nome de uma das pessoas da família Corrêa Porto.

E foi acumulando filhos até que, um dia, resolveu pedir que os batizasse, todos de uma vez! O mesmo padrinho, a mesma madrinha – Zé Corrêa e Anita – para todos. 

A partir de então passou a ser o Compadre Sato.

Um belo dia surgiu na cidade um japonês que pintou e bordou, até ser preso.

Compadre Sato, muito nervoso, indignado, procurou o compadre Zé Corrêa.

_ “Compadre, japoneis muiiiiiito inteligente, né! Muito mais inteligente que brasilero, né? Quando ele dá pra sê ladrão, tem que matá! Manda matá esse home! Sorta ele que nóis vamo matá!”

O honrado e pacato homem – e toda a colônia japonesa – estava tão inconformado com o patrício ladrão, que Zé Corrêa teve que tirar o bandido da cadeia durante a madrugada e levá-lo para o estado de São Paulo para que o malandro pudesse continuar vivo!