A comitiva do casamento ia em frente apesar da chuva que não dava trégua. Na balsa do Porto Cascudo, perto do Ribeirão Grande, o cavalo de um dos convidados “pranchou” e o cavaleiro foi parar dentro da água e se afogou.
O morto foi levado para a casa de Jacinto Loreto, a mais próxima, que mandou que a filha fizesse comida para aquela gentarada toda. Augusto reclamou de pronto: a mulher dele não ia cozinhar para aquela gente toda!
Indignado com a reação do genro, Jacinto vociferou:
_“Você casô mais ela é minha fia e quem manda sô eu!”
Essa foi sua sentença de morte! Oculto pela noite, Augusto deu um tiro certeiro no sogro.

Na cidade corria solta a ideia de que, tivesse nascido homem, Dona Elisa seria padre. Toda pessoa que morria corria lá para encomendar o defunto: pegava o livrinho em latim e rezava, cantava…
Quando o corpo de Jacinto chegou Dona Elisa já estava lá, à espera.
A pequena igreja de tábuas estava lotada pois defunto morto a bala, todos queriam ver. Aquela movimentação toda, o burburinho causado pela aglomeração, o assoalho de madeira gemendo sob aquele peso todo, acabaram por despertar os insetos que viviam entre o assoalho e o chão de terra batida. Uma enorme caixa de marimbondos, nunca antes percebida, entrou em revolução: sentindo-se ameaçados os pequenos seres invadiram o salão e passaram a ferroar os fiéis.
Foi aquela debandada! Dona Elisa, no entanto, continuou no mesmo lugar, estática, rezando sem parar, como se aqueles insetos não a estivessem atacando, impiedosamente, por baixo da longa saia franzida.
Aguentar aquele sofrimento foi a sua forma de ajudar o defunto a pagar seus pecados.