No caminhão, sentada entre o motorista e o seu João Nórcia, Adelina, quieta, atenta, escutava os sábios conselhos daquele senhor.
Fazia horas que ele falava e falava, sobre os perigos da terra para onde estava indo.
_ “Cuidado, principalmente com os animais.
Cuidado. Tem muito mato, muita onça!”
Adelina, a cada “cuidado” se encolhia um pouco mais. Estava a ponto de pedir para voltar. Era isso mesmo que tinha de fazer. Na primeira oportunidade, na primeira carona, iria para Conceição do Monte Alegre e voltaria para Paraguassu Paulista.
Entre ouvindo e matutando, não se sabe se de medo ou por ter comido alguma coisa estragada, Adelina, suando frio, se torcia em cólicas. Quando viu que não dava mais pra segurar, gritou:
_ “ Pára que eu quero cagá!”

Parado o caminhão, Adelina correu pro mato. Aliás, tudo era um mato só!
Mal achou um local onde não poderia ser vista pelos dois homens, levantou a saia, abaixou a calçola e começava a se aliviar quando escutou o primeiro rugido. Que coisa horrível!
Paralisada, ficou escutando. Quando veio o segundo – obra dos homens, é claro – a moça levantou rapidamente a calçola, soltou a saia e correu, o mais que podia, pro caminhão, fezes liquefeitas escorrendo-lhe pelas pernas.