Joaquim Maria era um homem alto, bem apessoado; só usava terno de linho claro, que contrastava com sua pele escura. Era um rapagão!
Da boa paz, de ótimo coração, mas como bebia!
Com o passar dos anos a bebida foi acabando com ele, física e mentalmente. Passou a morar em um quartinho nos fundos do cartório e a viver de pequenos biscates e da caridade do amigo que o trouxera para ali.
Joaquim tornou-se uma figura impressionante!
Pele maltratada, corpo envergado, nariz cada vez mais adunco, uma tosse que era ouvida de longe, voz enrouquecida, pés sempre arrastando pelo chão como se não aguentassem o peso do corpo.
Os ternos de linho de outrora deram lugar a andrajos. E, como se tudo isso não bastasse, sempre trazia nos ombros um machado.
Naquele dia Dona Anita estava trabalhando no cartório quando chegaram dois estranhos solicitando um documento que jamais poderia fornecer. Conversa vai, conversa vem, logo estabeleceu-se uma discussão acalorada, as vozes subindo além da conta.
Dona Anita, sozinha, já não sabia mais o que fazer quando, de repente, surgiu aquela impressionante figura.
Joaquim parou bem embaixo do batente da estreita porta, tirou o machado do ombro, bateu com força no chão e disse:
_”Tá acontecendo arguma coisa aqui, Donanita?”
Os trambiqueiros voaram porta afora, apavorados, e nunca mais se ouviu falar deles!