A pequena vila estava iluminada, aqui e ali, pelos Petromax. Boteco lotado, como em toda noite de sexta-feira.

A luz oscilante dos lampiões, o cheiro de querosene queimado, a fumaça negra que subia em espirais e se acumulava nas telhas formando grosso picumã, nem eram percebidos.

As frestas das paredes de tronco de palmito deixavam entrar o frio, mas os homens não se incomodavam: estavam há horas jogando cartas e bebendo cachaça da boa.

Da única mesa do estabelecimento, terminada mais uma partida de truco, o encorpado alemão se levantou, discretamente apoiado por um companheiro. Seu rosto rubro indicava o grau etílico de seu sangue. Despediu-se dos amigos e começou a descer a rua em direção ao Bosque onde tinha seu quarto, na casa do Zé Corrêa.

Às vezes quando os joelhos davam uma bambeada, a barra da roupa se arrastava no pó do caminho sem calçamento. A hora tardia e o ar frio haviam espantado as pessoas e a rua estava deserta.

Já próximo de casa, percebeu que estava sendo seguido. Não se importou. Fosse o que fosse, inimigo não seria.

Mas, de repente, estacou! Será que ouvira corretamente ou estaria bêbado demais?

_“Vamo dá uma vortinha, dona?” soou a voz.

O choque fê-lo ficar sóbrio de pronto. Voltou-se e encarou firmemente o abusado, como se isso significasse alguma coisa, naquela escuridão.

_“Xuvenal, você pensa eu ser mulher viúva? Eu ser padre Chico!” revidou o indignado padre.

Juvenal, notoriamente o maior mulherengo da vila, havia sido atraído pela batina negra que fazia o som peculiar das saias longas roçando pernas femininas!