Os três amigos passavam em todos os lugares pedindo votos.

Essa era uma via sacra que se repetia a cada quatro anos: água por água, sítio por sítio, casa por casa. Eleitor que não fosse “visitado” ficava ofendido pela desfeita.

Pararam o carro na estrada principal e enveredaram por cerca de 500 metros até a casa.

Muito bem recebidos, conversaram com a família, tomaram café, contaram alguns “causos” e se despediram; não sem antes, é claro, de receberem a promessa de alguns votos.

Já caminhando em direção ao carro escutaram uma barulheira danada: como se cão de guarda fosse, um ganso vinha, à toda, para atacá-los.

Marinho, o candidato a prefeito, virou-se na sua habitual amabilidade, pedindo ao ganso:

_ “Calma fião! Calma fião!”, enquanto gesticulava, tentando acalmar a ave.

Vendo aquela situação Zezão – o próprio nome era indicativo do seu tamanho – afastou os amigos para o lado:

_ “Isso não adianta! Ele é bicho, não entende! Deixa comigo!”

Ao mesmo tempo em que falava, Zezão partiu para a ação: deu um chute de bico no animal, que subiu, deu um salto no ar e caiu no chão, duro, estatelado.

Falecido!

O dono do ganso, ao ver sua ave de estimação naquele estado, gritou lá da janela, desesperado:

_”Seus fio da puuuuuta!”

E então, a partir desse dia, passou a ser inimigo declarado dos três!